Toheroa: conheça o marisco lendário que quase desapareceu

Toheroa: conheça o marisco lendário que quase desapareceu

Durante a década de 1950, um grande marisco chamado toheroa se tornou bastante popular na região da Nova Zelândia. Naquela época, eles eram considerados alimentos de gosto doce, extremamente saborosos e que forneciam muita energia. Contudo, não demorou muito tempo para que essa popularidade se tornasse um problema.

O toheroa é um molusco que cresce do tamanho de uma mão humana e se enterra na areia de belíssimas praias varridas pelo surf na região. No entanto, esses também eram locais de colônias isoladas em lugares como Oreti, no extremo sul do País. Dessa forma, a exploração desses mariscos para as comunidades costeiras Maori durante séculos quase fez com que eles desaparecessem do planeta. Conheça mais sobre essa história!

Proximidade da extinção

(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)

Segundo um estudo feito pela Universidade de Victoria, os toheroa eram considerados “tesouros” para as comunidades locais. Sua carne crua era consumida em sopas de milho doce cremosas ou simplesmente cozida em panela. À medida que a paixão por toheroa tomou conta das tribos Maori, cada vez mais formas populares de comê-los foram surgindo.

Anos mais tarde, a sopa toheroa passou a ser exportada para outras regiões sob domínio da Grã-Bretanha — o que significava que esses animais estavam sendo explorados pelos seres humanos em grandes quantidades. De 1920 a 1960, uma média de 20 toneladas de toheroa foi enlatada por ano, com um ápice de 77 toneladas em 1940.

A exploração em escala intercontinental não só prejudicou a base alimentar dos Maori, como também colocou a existência desse molusco em risco. Em 20 anos, o toheroa estava quando extinto. Há 50 anos, no entanto, a colheita comercial foi finalmente proibida e instaurou-se um processo para tentar recuperar a espécie.

Maoris e toheroa

(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)

Atualmente, somente os Maori locais ainda podem colher legalmente esse fruto do mar. Mesmo assim, isso só pode acontecer em ocasiões especiais, como reuniões tribais ou funerais. Com o passar dos anos, as tribos da Nova Zelândia se uniram aos biólogos marinhos para tentar restaurar o número de mariscos vivos.

De acordo com os pesquisadores, os toheroa bebês vagam na água por 21 dias após seu nascimento, antes de surfar na espuma das ondas e serem levados para a areia. Ao chegarem lá, eles se aninham nos juncos de areia até atingirem a fase adulta, quando estarão prontos para voltar ao oceano. Os toheroa pegam carona nas flores que a brisa do mar manda das dunas até a beira d’água. 

Hoje em dia também existe um trabalho maciço desenvolvido entre a população local e biólogos para conscientizar as crianças sobre os toheroa e a necessidade de mudar comportamentos humanos nocivos. Embora os números da espécie continuem flutuando bastante nos últimos anos, o grupo de apoio acredita que existem sinais de que o lendário marisco esteja voltando ao seu estado natural — o que demonstraria um grande esforço em conjunto de reparação aos danos do passado.