Cientistas descobrem antídoto contra cogumelo mais mortal do mundo

Cientistas descobrem antídoto contra cogumelo mais mortal do mundo

Na natureza, há cogumelos que podem ser consumidos pelos seres humanos, enquanto outros são bem perigosos e mortais por conta de seu veneno. Entre estes, podemos encontrar o Amanita phalloids, também conhecido como “chapéu-da-morte” graças à sua toxicidade. Porém, uma descoberta pode colocar um fim a essas ameaças.

Na edição mais recente da Nature Communications, foi revelado que um grupo de cientistas chineses conseguiu encontrar aquele que pode ser considerado o primeiro antídoto para a toxina desse fungo, responsável por mais de 90% das mortes por envenenamento.

Usando um velho conhecido

Os responsáveis por essa descoberta são Qiaoping Wang e Guohui Wan, pesquisadores da Universidade Sun Yat-sen. Após verificar que a medicina tinha apenas um tratamento de suporte para oferecer aos que ingeriam esse cogumelo (que inclusive tem um sabor bom vindo do gorro, de acordo com quem o comeu por acidente e sobreviveu), eles decidiram investigar a fundo a natureza do A. phalloides.

Utilizando tecnologia de edição de genes CRISPR-Cas9, eles conseguiram criar um pool de células humanas para testar os tipos de mutações que ajudariam as células a sobreviver ao contato à alfa-amantina. Esta é a substância liberada na toxina do cogumelo, que é capaz causar vômitos, convulsões, danos hepáticos graves e a morte na maior parte dos casos.

(Fonte: Dreamstime/Reprodução)(Fonte: Dreamstime/Reprodução)

Após uma primeira triagem, eles descobriram que as células que não possuem uma versão funcional da enzima STT3B conseguem sobreviver à toxina em questão. Ela faz parte de uma via bioquímica que leva moléculas de açúcar às proteínas, e a sua interrupção impede a entrada de toxina nas células e, por consequência, o avanço do envenenamento.

Após essa descoberta, a equipe fez uma busca entre aproximadamente 3.200 compostos químicos, descobrindo que o verde de indocianina (ICG), um corante fluorescente medicinal, é capaz de ajudar no tratamento do envenenamento. 

Testes em camundongos mostram bom resultado

Após um teste em camundongos, foi revelado que o ICG possui uma eficiência de 50% no grupo que recebeu o tratamento (a taxa de morte foi de 90% no grupo não tratado).

“O verde de indocianina tem um imenso potencial para o tratamento de casos de envenenamento humano por cogumelos e pode ser o primeiro antídoto específico com uma proteína-alvo. Isso poderia salvar muitas vidas se fosse tão eficaz em pessoas quanto em camundongos”, comentou Wang em entrevista à AFP.