Entre 1919 e 1947, uma extravagante mansão com 165 quartos, piscinas elaboradas e um zoológico particular chamou a atenção da população estadunidense. Conhecida como Castelo Hearst, a residência californiana foi lar de um dos casais mais relevantes do status socialite no país e mostrou como é possível combinar um alto nível de luxo com planejamento habitável para apenas duas pessoas.
Membro da elite dos Estados Unidos da América, William Randolph Hearst nasceu em um berço de ouro e conviveu, durante toda sua infância, com celebrações alvos dos principais tabloides hospedadas por seu pai, George Hearst. Sua herança foi resultado de uma Corrida do Ouro recompensadora, oferecendo um dinheiro que logo seria convertido para comprar 40 mil acres de terra entre San Francisco e Los Angeles.
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Com a morte do pai, em 1891, e da mãe, Phoebe, em 1919, William herdou o lote e passou a morar no local, apesar de já ter um amplo convívio por meio de cavalos e atividades de caça. Além disso, ele tomou o jornal The San Francisco Examiner — propriedade de George — e o tornou um negócio de sucesso, fabricando dezenas de jornais, revistas, telejornais, estações de rádio e estúdios de cinema.
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Foi então que o norte-americano decidiu investir suas economias em uma mansão localizada em San Simeon. Para isso, ele contou com a ajuda da arquiteta Julia Morgan, formada na renomada Ecole des Beaux-Arts de Paris, a fim de elevar uma construção de proporções absurdas. A ideia era tirar do papel o desenho de um conjunto com uma “Casa Grande” de estilo mediterrâneo e três residências de hóspedes.
Mais de 6.300 metros quadrados de pura elegância
Tirando as casas de hóspedes de conta, apenas a residência principal ocupava mais de 6.300 metros quadrados de extensão — dimensões maiores que as da Casa Branca. Ao todo, foram estabelecidos 165 cômodos, mais de 40 banheiros, jardins exuberantes, terraços, piscina ao ar livre no estilo templos romanos, uma piscina coberta que demorou quase cinco anos para ser construída e o zoológico particular de Hearst, considerado a maior exibição privada do mundo nessa época.
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Além disso, o local guardava uma coleção de arte dita impressionante. Os artefatos contemplavam esculturas egípcias antigas, uma pintura do artista espanhol Bartolomé Pérez de la Dehesa, um teto do século XV de um palácio na Espanha e duas tapeçarias da série “Caça ao Unicórnio”. Com tudo isso, integrantes da elite norte-americana se sentiram atraídos pelo status convidativo da casa e passaram a frequentá-la em festas.
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Segundo reportagem da Far Out Magazine, as festas de Hearst receberam nomes como Charlie Chaplin, Cary Grant, Greta Garbo, Buster Keaton, Irmãos Marx e Winston Churchill. O local também serviu como inspiração para o premiado filme Cidadão Kane, lançado em 1941 pelo visionário cineasta Orson Welles. Essas celebrações contaram com o amplo apoio da atriz Marion Davies, com quem o anfitrião teve um caso assumido.
Hearst versus Welles
O lançamento de Cidadão Kane foi visto como uma ofensa por Hearst, que se sentiu provocado ao ver que sua vida estava servindo como uma sátira para a diversão de entusiastas de cinema. O dono do castelo de San Simeon chegou a tentar barrar a produção do filme várias vezes, mas viu suas intenções surtirem efeito contrário e o longa-metragem tornar-se o magnum opus de Welles.
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O patrimônio de Hearst foi afetado significativamente durante a Grande Depressão e o socialite teve que paralisar o andamento de várias obras em seu terreno. Além disso, ele foi forçado a fechar seu zoológico devido aos altos custos. Em 1947, já separado de Morgan e morando com a amante, ele se mudou para um local mais perto de um hospital e fechou permanentemente os muros da mansão, enquanto chorava ao lado de sua atual mulher. Hearst morreu em 1951
Hoje, o castelo é uma lembrança do seu legado e é comumente lembrado como “La Cuesta Encantada”. A casa, que custou cerca de US$ 137 milhões em cotação atual para ser construída, foi doado para a Califórnia e é um parque estadual e monumento histórico.
