7 mistérios das florestas tropicais que desafiam a ciência

7 mistérios das florestas tropicais que desafiam a ciência

A ciência é feita de questionamentos e das experiências feitas para tentar respondê-los — e isso geralmente cria novas perguntas, mantendo a ciência viva. Florestas tropicais, como a nossa Amazônia, estão entre os locais que mais geram questionamentos. Afinal, são lugares imensos, com milhares de espécies de animais, plantas e seres vivos para estudar.

Nesse artigo, nós listamos 7 questões sobre as florestas tropicais que ainda estão trabalhando para responder — e que estão se mostrando mais desafiadores que o comum. Novas hipóteses e pesquisas estão sempre surgindo, mas talvez a ciência demore para ter explicações definitivas para esses fenômenos.

1. O “Sedahenge” do Peru

(Fonte: TroySAlexander/Tambopata Research Center)(Fonte: TroySAlexander/Tambopata Research Center)

Assim como o Stonehenge é uma formação de pedras que ninguém sabe de onde surgiu ou como foi construída, essas pequenas teias de aranha estão intrigando os cientistas há anos. Por isso, foram batizadas de Silkhenge — silk significa “seda”, em inglês.

As curiosas teias foram descobertas nas florestas tropicais do Peru, em 2013. Mas ninguém as viu sendo feitas e ainda não se sabe qual espécie de aranha é responsável por elas. A única coisa que os pesquisadores encontraram por perto foram filhotes de aranha – que ainda não tinham capacidade de criar teias e não sobreviveram após serem encontrados.

Por enquanto, acredita-se que os Silkhenges possam servir para proteger os filhotes dessa espécie misteriosa de formigas ou para capturar ácaros que servem de alimento.

2. O rio fervente de Mayantuyacu

(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)

Rios e lagos com água quente são comuns em vários lugares — inclusive no Brasil, onde há vários polos turísticos de águas termais. Contudo, um rio que praticamente ferve é algo muito curioso… Esse é outro mistério encontrado nas florestas tropicais do Peru. 

O Shanay-Timpishka é um afluente do Rio Amazonas e não é muito grande: tem apenas 6,4 km de comprimento, 25 metros de largura máxima e 6 metros de profundidade máxima. Mas a sua água passa dos 80?°C ou 90?°C com frequência. 

Os cientistas não conseguem explicar porque esse rio é tão quente, já que não há atividade vulcânica ou fontes hidrotermais na região. A teoria mais aceita é que a água das chuvas cai pela terra, aquece e alimenta o calor do rio ao longo de seu curso. 

3. Uma baleia-jubarte no Pará

(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)

Saindo do Peru e indo para a Amazônia brasileira, temos um mistério parcialmente respondido: em 2019, uma baleia-jubarte foi encontrada num manguezal na Ilha de Marajó — bem acima de onde o Rio Amazonas encontra o mar. Como ela foi parar lá?

As baleias-jubarte viajam bastante e passam por boa parte da costa brasileira em sua migração anual para a Antártida. Mas elas não costumam passar pela Região Norte, muito menos no mês de fevereiro, quando esta foi encontrada. 

Como se tratava de um filhote com cerca de um ano de vida, a hipótese mais provável é que ele se perdeu do grupo durante a migração anual. Perdido, o filhote acabou chegando ao rio e morreu na água doce. A água, então, jogou sua carcaça no manguezal. 

De qualquer maneira, achar baleias encalhadas na Região Norte do Brasil continua sendo um acontecimento muito raro.

4. Um novo primata brasileiro

(Fonte: Adriano Gambarini/WWF Brasil)(Fonte: Adriano Gambarini/WWF Brasil)

Só para você ter ideia dos mistérios que a ciência ainda está desvendando sobre a Amazônia, quase 400 espécies foram descobertas em um só ano, entre 2014 e 2015. Entre elas, uma das mais interessantes é o Plecturocebus miltoni — ou zogue-zogue rabo-de-fogo.

O nome científico é uma homenagem ao primatologista brasileiro Milton Thiago de Mello e o nome popular faz referência à cor chamativa do rabo do animal. Mas fora seu visual e o local onde vivem, pouco se sabe sobre eles: como esses primatas são ariscos e vivem no alto das árvores, é meio complicado observá-los. 

Sabe-se, contudo, que essa espécie é bem territorialista, come frutas, vocaliza bastante e vive em grupos pequenos — geralmente formados por um casal monogâmico e seus filhotes.

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5. As primeiras civilizações da América do Sul

(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)

A gente sabe que existiam humanos na América do Sul muito antes da chegada dos europeus, por volta do ano 1500 d.C. E também sabe que nosso continente foi o último onde os humanos colocaram seus pés, cerca de 12 mil anos atrás. 

Fora isso, a arqueologia sabe pouco sobre esses primeiros humanos que chegaram à América do Sul e como eles vivam. Foi apenas em 2017 que pesquisadores encontraram pinturas rupestres na floresta colombiana, mostrando animais como preguiças-gigantes e mastodontes. 

A convivência de nossos ancestrais com essas espécies, já extintas, intriga os cientistas. Muitos estudos ainda devem ser feitos sobre essas pinturas para explicar como era a vida na América do Sul pré-histórica. 

6. A vida na tribo Piripkura

Esse outro mistério humano da Amazônia brasileira envolve uma história bem triste: a tribo indígena Piripkúra está prestes a desaparecer. Assim, a ciência jamais poderá estudar o seu idioma ou seus modos de vida. 

Os Piripkúra, que vivem no norte do Mato Grosso, foram uma dos últimas “tribos isoladas” a se integrar com a sociedade brasileira, nos anos 1980. Porém, tão logo a “civilização” chegou em suas terras, o povo começou a definhar. Após décadas de confrontos com madeireiros, só três membros do povo Piripkúra continuam vivos.

Um documentário de 2018 mostra o trabalho de um funcionário da FUNAI para encontrar os dois últimos homens Piripkúra, de modo a manter a demarcação de suas terras. Além deles, há cerca de 50 outros povos isolados na Amazônia.

7. Uma nova floresta na África

(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)

Para terminar a lista com uma curiosidade mais animadora, uma nova floresta foi encontrada em Moçambique, há menos de uma década. Descobrir uma nova parte do mundo é algo raro numa época onde o planeta está coberto de satélites e a gente conhece tudo, né?

E veja só: foi justamente usando um satélite que o cientista Julian Bayliss descobriu o Monte Lico, em 2012 — ele estava explorando a região com o Google Earth. Descobrir pode não ser a palavra correta, já que a pedra era visível, mas Bayliss foi o primeiro pesquisador que resolveu estudar esse local tão curioso.

Trata-se de um paredão rochoso de 700 metros de altura com uma floresta no topo. Mesmo assim, a expedição de Bayliss encontrou artefatos humanos lá em cima! Uma hipótese é que tribos da região tenham enviado oferendas para agradecer pela água dos rios, que fluem do alto. Mas quase nada se sabe sobre esse povo e como eles conseguiram chegar lá.